Neste livro conta-se como nasceu um reino singular, tecido de “lenda e fantasia”, cujo berço se encontra no ubérrimo Vale do Lubango, nas Terras Altas da Huíla, no sudoeste de Angola, mas que, a partir de 1975, se encontra um pouco por todo o mundo. O tema central deste livro é o Reino de Maconge, a terra fantástica (real e fictícia) onde os antigos alunos dos estabelecimentos escolares da Huíla continuam a celebrar os feitos académicos e afins, que tiveram lugar nos últimos cem anos.
Foi nos idos de 1919 que se iniciou aquilo que os antigos cronistas, de quem já esquecemos os nomes, designaram por Proto-História do Reino, que teve início com a fundação da Escola Primária Superior da Huíla, a funcionar no edifício da Câmara Municipal, o mais importante da vila do Lubango. Os primeiros professores foram recrutados localmente, entre as pessoas mais escolarizadas da urbe, alguns oficiais do exército, um médico, um advogado e um engenheiro; os primeiros alunos eram jovens chicoronhos que até então tinham muita dificuldade em prosseguir os seus estudos para além das primeiras letras. O segundo grande momento da Proto-História foi o da criação do Liceu Nacional da Huíla, uma década mais tarde, em 1929, com alunos e alguns professores oriundos da Escola Primária Superior. No Liceu viria a surgir a Academia da Huíla, realidade nova e sinal da evolução dos tempos. Uma década passada e, em 1939, começam a ouvir-se palavras de protesto e de desejo de mudança quanto às praxes académicas, sendo notório o desalento dos veteranos e dos praxistas, que circulavam pelos longos corredores do Liceu em grande abatimento. É então que o veteranorum César da Silveira, levantando a tocha duma nova aurora académica, arregimenta alguns dos seus fiéis seguidores e, com a flâmula de Maconge insuflada pelo vento frio da Humpata, avança pelas serranias da Chela e, de cheka empunhada, funda com alarido um novo e sublime reino. Com estrondo se encerra a Proto-História de Maconge e dá-se início à História propriamente dita, agora sob o magnífico nome de Reino de Maconge.
É por isso que os maconginos celebraram, ao longo de 2019, um século de História e oitenta anos de Maconge, com uma série de eventos que teve como cerimónia de encerramento o lançamento do presente livro e a ceia que se lhe seguiu. Do livro valerá a pena referir que, em letra de imprensa e com o peso de inúmeras imagens (que dizem, vale cada uma mil palavras), põe à disposição do leitor, de forma condensada, cem longos anos de praxes académicas e de outras actividades, de rituais, de cerimónias, que vão do Tempo Pré-Histórico (1919 - 1939) ao Tempo Histórico de Maconge (1939 - 2019).