O praticante, o espetador, o político.
Natal de 1979, invasão de tropas da União Soviética ao Afeganistão. A détente parece ceder a um clima agudo de Guerra Fria. Jimmy Carter, Presidente dos Estados Unidos da América, reage. De entre outras medidas de retaliação, uma tem impacte no desporto: o boicote aos Jogos Olímpicos de Moscovo, a realizar no Verão de 1980. Sá Carneiro, Primeiro-Ministro de Portugal, deparou-se com um difícil dilema: por um lado a solidariedade para com os aliados norte-americanos, e o contexto dos compromissos no quadro da NATO, para além do respeito pelo Direito Internacional Público vigente; por outro lado, e já com base no Direito do Desporto (Lex Sportiva), em particular a Carta Olímpica, havia que não defraudar os direitos e os interesses do Comité Olímpico Português, dos atletas nacionais e mesmo dos cidadãos Portugueses interessados em seguir os Jogos Olímpicos pela televisão.
Esta obra, assente nas fontes, procura desvendar como Sá Carneiro deu simultaneamente resposta aos desígnios de política interna e externa do País e à autonomia do Movimento Olímpico. Nesse contexto, identificam-se os fundamentos da decisão oficial do Governo de Sá Carneiro e efeitos nos agentes desportivos, na opinião pública, na (já tensa) relação com o Presidente da República, General Ramalho Eanes, no Parlamento, e até no Movimento Sindical. Mas esta é a última parte do livro. Antes, ainda na vertente do Político, analisa-se como o Deputado Sá Carneiro encarou o desporto. Por seu turno, a primeira parte não esquece um outro olhar do binómio Sá Carneiro/desporto: o Homem, o Cidadão – aí se procura perceber de que forma o desporto (como praticante e como espetador) marcou a vida pessoal e familiar de Sá Carneiro e forjou a sua personalidade. Como filho. Enquanto Pai. Nas relações com Isabel Sá Carneiro e Snu Abecassis. Com os Amigos mais próximos. Momentos e facetas pouco conhecidos que se trazem à estampa no assinalar dos 40 anos da morte de Sá Carneiro e dos 40 anos dos Jogos Olímpicos de Moscovo.