Passaram mais de 4 anos sobre a resolução do BES e apesar de um consenso construído à volta da justiça da decisão do regulador, surgem novos documentos e factos que questionam as verdadeiras razões que estiveram por detrás da decisão.
Apesar do aparato político, económico e, principal­men­te, mediático que o caso gerou, por razões várias que o livro conduz o leitor a compreender, o mais importante desta história, até agora convenientemente mal contada, ficou de fora.
João Gabriel assessorava à época o número 2 do BES, Amílcar Morais Pires, e reconstitui nas mais de 200 páginas deste livro, passo a passo, a história dos dias que conduziram ao desaparecimento do BES. Um relato feito de dentro do furacão como nunca até hoje alguém teve a coragem de fazer.
Suportado em documentos inéditos e testemunhos únicos, João Gabriel explica as razões e as verdadeiras responsabilidades do Governador do Banco de Portugal e dos auditores da KPMG, que até agora têm conseguido passar “entre os pingos da chuva”. As contradições, as mentiras, as ameaças num processo que continua envolto numa nebulosa que a narrativa oficial não desfez. Afastar Salgado não obrigava ao desaparecimento do BES. Alguém se precipitou e assumiu uma decisão sem fundamento e, principalmente, sem medir as consequências que resultariam do uso dessa “bomba atómica”.
Uma história notavelmente bem escrita, que revela documentos que desmontam a versão oficial apresentada com bonomia aos portugueses, não podendo, por isso, ter outro título se não A Mentira.